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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Massacre em Realengo // Um país ferido de morte

O Brasil entrou na lista das nações que foram marcadas por massacre dentro de escolas


Rio - Na cidade que tenta se desvencilhar do estigma de violenta, no país em que a brutal criminalidade causa cada vez menos espanto entre os moradores, um ato cruel e covarde conseguiu surpreender e deixar milhões de pessoas com uma pergunta simples e ao mesmo tempo de difícil resposta: Por quê?

Na manhã de ontem, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, um jovem introvertido, calado, tímido e incapaz de manter relações sociais, segundo descrições de parentes e ex-companheiros de trabalho, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, local onde havia estudado, e, usando dois revólveres calibre 38, disparou contra crianças e adolescentes, matando 12 alunos e ferindo outros 11, todos com idade entre 12 e 14 anos.
Populares filmam crianças fugindo de escola invadida por atirador. Imagens: Cinegrafista amador
O massacre, que, mantidos os números de mortos até o fechamento desta edição estava entre os 10 piores da história em instituições de ensino no mundo e remetia às tragédias em universidades dos Estados Unidos, foi premeditado, segundo as autoridades fluminenses.

Wellington, filho adotivo de uma família de mais cinco irmãos, entra na escola bem vestido e com uma mochila nas costas. Alegando buscar um histórico estudantil, segue para o segundo andar, conversa brevemente com uma professora que o reconhece e, em seguida começa a sequência de mortes. Ao entrar numa sala, dispara contra os alunos, fazendo as primeiras vítimas. Por sadismo, atira nos pés das crianças, para evitar fugas. Nesta sala, a história começa a romper as barreiras dos muros da escola. Ferido, um dos jovens baleados escapa e corre para a rua, onde pede socorro a uma viatura policial que patrulhava o bairro.

O sargento da Polícia Militar Márcio Alves, que atendeu ao chamado desesperado do aluno disse, mais tarde, em coletiva de imprensa com a presença do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do prefeito da cidade, Eduardo Paes, que emboscou e trocou tiros com Wellington. Ao balear o assassino na perna, ele teria se suicidado com um tiro na cabeça. Uma carta encontrada com o jovem deixou maisdúvidas do que respostas. Num texto impresso e confuso, Wellington misturou elementos religiosos de várias crenças, lembrou da morte da mãe e pediu perdão a Deus pelo crime.

Pais se aglomeravam na porta da Escola Municipal Tasso da Silveira em busca de informações sobre os feridos no massacre. As dezenas de viaturas policiais e ambulâncias não deixava dúvida de que a barbárie era sem proporções. Pouco depois das 10h, quando foram confirmadas mortes dentro da escola, o pânico se alastrou.

Ao largo dos pretensos motivos e intenções do atirador, o massacre de Realengo rompeu as fronteiras do Rio e ontem ganhava dimensões mundiais na imprensa.

Ataque anunciado...Um perfil anônimo no Orkut postou, sete dias antes, uma mensagem que falava de uma chacina num colégio do Rio de Janeiro. O texto, que também foi publicado por um perfil falso do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) na mesma rede social.

...na internet´Nem estou chorando, apenas me preparando para uma chacina que irei fazer no colégio que fui bulinado (sic). Em breve teremos um documentário estilo Columbine nas telinhas nacionais. Aguardem....`, diz a mensagem. Bolsonaro afirmou não saber sobre o perfil falso.

Tragédia em cinco atos

1) Por volta das 8h de ontem, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, chega à Escola Municipal Tasso da Silveira, que tem 400 alunos com idades entre 9 e 14 anos.

2) Dirige-se ao 1º andar. De uma mochila, retira dois revólveres (calibres 32 e 38), cinto com seis equipamentos para recarregar rapidamente as armas, luvas e um colete à prova de balas.

3) Sobe para o 2º andar. Na primeira sala em que entra, é reconhecido pela professora, com quem tem rápida conversa. Entra numa segunda sala e atira. Ferido, um dos meninos foge e pede ajuda a PMs.

4) Wellington invade outras salas. O circuito interno de TV da escola mostra o atirador recarregando a arma e muitos alunos fugindo em desespero.

5) O sargento Márcio Alves localiza o atirador na escada de acesso ao 3º andar. Ferido na perna, Wellington recebe voz de prisão, mas se suicida com um tiro na cabeça.

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